Um dos principais objetivos de pacientes que buscam um tratamento com prótese dentária é obter uma estética o mais natural possível. Afinal, a ideia é que a peça protética substitua os dentes reais de forma sutil, evitando a aparência artificial. Entretanto, reabilitar não é apenas fornecer uma estética agradável, mas também a funcionalidade que o paciente precisa para viver bem.
Com a escultura de dentes naturais, esses dois pontos podem ser efetivamente entregues. Para isso, existem algumas técnicas utilizadas por técnicos em prótese dentária. Nessa matéria, veremos uma delas, a escultura dental progressiva, que oferece um resultado bastante natural e pode ser realizada em menos tempo, otimizando a rotina de trabalho.
Com a escultura progressiva, a gente perde pouco tempo esculpindo. É uma técnica que você consegue realmente fazer um dente natural. (Alessandra Alvarez)
Todo o processo foi apresentado pela técnica em prótese dentária, Alessandra Alvarez, na aula transmitida ao vivo para associados da APDESPBR. Abordando o assunto, a TPD mostrou o passo a passo da realização da técnica e apresentou os pontos mais importantes na realização da escultura dental progressiva. Vamos ver?
Antes de realizar, é preciso analisar
De acordo com Alessandra, a base para iniciar o processo de escultura progressiva é a compreensão do sorriso do paciente. Nessa etapa, alguns critérios fundamentais precisam ser analisados, como a saúde bucal, as dimensões, o eixo dental, o limite do contorno gengival, entre diversos outros.
Esse será o ponto de partida para o enceramento, o primeiro passo para compreender a anatomia dos dentes. A partir disso, é possível criar os parâmetros estéticos e funcionais da peça protética, levando em conta características como a área de contato, superfície oclusal, contorno externo, entre outros. Portanto, antes de realizar, é preciso analisar.
Parâmetros estéticos e funcionais
Dentes anteriores
Seja qual for a técnica utilizada para a confecção de uma prótese dentária, o alinhamento é um dos pontos mais importantes a ser analisado nos dentes anteriores. O equilíbrio das linhas em torno da linha mediana é um parâmetro decisivo para o sucesso estético e funcional de uma peça protética, especialmente em esculturas de dentes naturais.
Entender esse equilíbrio é essencial para assegurar a harmonia dos dentes, e para isso é preciso levar em consideração o paralelismo das retas. Quando há esse alinhamento ântero-posterior, a prótese dentária garante um sorriso mais natural ao paciente, evitando a sensação de “dentes demais” na boca.
Além disso, quando o assunto é naturalidade, existem algumas características que não podem deixar de ser mencionadas: as linhas de brilho e a ilusão de ótica. A cor e a quantidade de luz refletida ou defletida, principalmente nos dentes anteriores, são responsáveis pela percepção de aumento ou diminuição da superfície do dente. Portanto, no enceramento de uma peça, é preciso ter em mente que a ilusão de ótica pode influenciar no resultado.
Referente a isso, Alessandra exemplifica: “Quanto mais você tira volume vestibular, o dente parece ser mais comprido. Então, se você quer que o dente pareça um pouco mais curto, é preciso aumentar o volume vestibular.”
Já as linhas de brilho influenciam na naturalidade da anatomia do dente. Para que a escultura entregue uma aparência mais coerente, a TPD explica uma regra importante: a mesial precisa ter o formato de um C, enquanto a distal precisa ter o formato de um S. Como na foto abaixo:

Dentes posteriores
Um dos parâmetros que influenciam a eficiência da peça protética nos dentes posteriores, além do alinhamento, é a área de contato. Alessandra explica que, apesar de muitos se referirem a essa área como um ponto, na verdade essa é uma superfície de contato. Entender esse aspecto é importante não só para a construção correta da escultura, mas também para a naturalidade dela.
Ainda abordando dentes posteriores, a TPD levanta a importância da atenção com duas áreas de transição: a mesa oclusal e a superfície oclusal funcional. A mesa oclusal é situada no centro do dente, formada pelas cristas marginais e arestas longitudinais. A superfície oclusal funcional também abrange essa área, tendo como principal objetivo garantir o deslizamento dos dentes.
Compreender essas características da anatomia faz toda a diferença no momento da construção de uma escultura de dentes naturais. Além disso, auxilia diretamente no desenvolvimento da técnica de escultura progressiva. Então, agora que você já sabe por onde começar, vamos ver como esse método pode ser realizado!
Construção da prótese dentária com a técnica de escultura dental progressiva
Os primeiros passos da confecção
Alessandra explica que o ideal é ter definida a forma do dente antes de iniciar o enceramento. Assim, o trabalho pode ser realizado de maneira mais produtiva, evitando que o protético perca muito tempo durante a confecção.
Temos que ver todas as características que o modelo em gesso oferece. O primeiro passo seria estudar o dente, desenhar ele na cabeça e só depois colocar em prática. (Alessandra Alvarez)
Para fazer isso, marcar as arestas transversais e os lóbulos de desenvolvimento pode facilitar o processo. Esse procedimento ajudará a compreender o tamanho cérvico e incisal do dente, critérios fundamentais para o início do enceramento. Na foto abaixo, você pode ver como a TPD faz essa demarcação:

Iniciando a partir do casquete, o protético deve começar criando o formato do dente com base no estudo feito anteriormente. Para não prejudicar o espaço disponível para esculpir, o ideal é que o casquete não seja muito grosso. Neste ponto, Alessandra explica que o bordo já pode ser delimitado, mas que a peça pode ter uma melhor adaptação se isso for feito no final da confecção.

Desenvolvendo as características da prótese
Conforme o técnico em prótese dentária for esculpindo a peça com a cera utilizando o gotejador, ele precisa começar a criar os lóbulos de desenvolvimento do dente. “Para fazer esse tipo de enceramento, eu indico uma cera um pouco mais dura. Se for muito mole, na hora de gotejar o progressivo, ela escorre”, explica Alessandra.
Esse é o momento de se atentar ao alinhamento e à altura da incisal, utilizando um compasso de ponta seca para medir. Na técnica de escultura dental progressiva, o ponto positivo é que o profissional consegue ter uma melhor previsibilidade no trabalho. Ou seja, é possível ter uma boa noção de como será o resultado da peça antes mesmo de finalizá-la.

Essa técnica também é facilitadora no momento de esculpir. Isso porque, quando há excesso de cera em certo ponto da peça, não é necessário retirar com o lecron. Caso isso aconteça, o TPD pode apenas aquecer o gotejador e remodelar.
O enceramento progressivo é até mais limpo, não tem desperdício de cera. Apesar de ser difícil no começo, com o tempo você vê que é uma técnica muito mais prática. (Alessandra Alvarez)
Ao final da aplicação da cera, o protético precisa ter uma peça alinhada, com os lóbulos de desenvolvimento definidos e com a altura ideal estabelecida. Atingindo essas características, o passo final é o acabamento. Veja o exemplo mostrado por Alessandra durante a aula:

A influência do acabamento no resultado natural com a escultura dental progressiva
O acabamento é o momento de fazer ajustes para definir melhor a anatomia do dente. Nessa etapa, o principal objetivo é tirar as linhas de união da cera para obter um resultado mais natural. Utilizando o lecron ou instrumental de preferência, o profissional deve fazer movimentos circulares sutis, tirando os excessos sem perder a textura do dente.

O enceramento progressivo é considerado um método prático de escultura de dentes naturais. Por permitir que o profissional tenha mais controle do que está sendo construído, essa técnica garante mais agilidade e menos desperdício de cera. Esses dois pontos são fundamentais para melhorar a produtividade em laboratórios de prótese dentária.
O enceramento progressivo me ajudou muito. Hoje eu tenho uma praticidade maior no meu laboratório, e a gente precisa aprender coisas que minimizem nosso tempo. (Alessandra Alvarez)
Entretanto, para que um protético consiga aproveitar as vantagens dessa técnica, treiná-la é essencial. Afinal, como em qualquer aprendizado novo, manter-se em aprimoramento é o que faz a diferença no resultado.
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